Museu da Ci�ncia - Universidade de Coimbra
Conferência

24 de Janeiro
a 11 de Dezembro, 2012

MILPLANALTOS   •   PRÓXIMA SESSÃO   •   PROGRAMA GERAL   •   PARCERIA

MILPLANALTOS

O projecto Milplanaltos nasceu em Abril de 2011 com o objectivo de se tornar um espaço de constituição de linhas de fuga entre disciplinas, de criação de conexões entre domínios, eles próprios dinâmicos e conectivos. Esta estratégia implica a realização de ligações entre arte, literatura, filosofia e ciência.

Pretendeu-se, desde o início, reunir contribuições múltiplas. Estas contribuições seriam colocadas em diálogo, potenciado por encontros mensais que obedeceriam a um cronograma.

As diversas sessões têm vindo a ser gravadas e estão disponíveis online aqui.

Milplanaltos entretanto cresceu, estendeu-se a outras instituições, e é agora uma parceria Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS), Casa da Escrita e Museu da Ciência da Universidade de Coimbra.

Durante o ano lectivo 2011/2012, Milplanaltos alterna mensalmente entre o Museu da Ciência e a Casa da Escrita.
Os eventos contam com uma cobertura multimédia que será colocada online na página de cada parceiro.

PRÓXIMA SESSÃO

11 de Dezembro | 17H00

título a anunciar
Margarida Medeiros

Local: Museu da Ciência

PROGRAMA GERAL

24 de Janeiro | 17H00
LETRAS, TRETAS E OUTRAS CIÊNCIAS
António Sousa Ribeiro
Para o senso comum dominante, os saberes humanísticos são sumptuários e, em tempos de crise, descartáveis. Partindo da crítica a este pressuposto, a palestra irá percorrer alguns aspetos da (auto)definição das Humanidades e, através de exemplos práticos, irá propor à discussão a relevância do lugar delas no universo do(s) conhecimento(s).

Local: Museu da Ciência

14 de Fevereiro | 17H00
ESTRANGEIRADOS VISITAM PORTUGAL
Amadeu Lopes Sabino, Manuel Paiva, José Morais e Jorge de Oliveira e Sousa
Três portugueses e um belga de origem portuguesa, nascidos nos anos 40 do século XX e cujos caminhos se cruzam em Bruxelas, combinaram reencontrar-se na terra de ninguém entre a memória e o esquecimento, os tempos e os espaços em que o futuro foi uma realidade: o Estado Novo e a guerra colonial que todos recusaram, escolhendo a experiência amarga e enriquecedora do exílio; a oposição à ditadura, vivida por cada um de diferentes modos e com diferentes expectativas; as miragens da revolução e da democracia e, encerrado o ciclo do império, o regresso de Portugal ao rectângulo europeu. Em torno da integração política na Europa e das turbulências do início do terceiro milénio reacendem-se os debates do passado revisitado. O diálogo aguça e lima arestas, contradições, interrogações. Chegou a hora de cada um se dedicar a cultivar o seu jardim? Será a Utopia ainda possível ou mais do que nunca nefasta? Quem vence a partida: o descobridor de novos mundos ou o Velho do Restelo?
Amadeu Lopes Sabino (Elvas, 1943). Foi advogado, jornalista e docente universitário em Portugal. Exilou-se na Suécia na fase final do Estado Novo. Funcionário da União Europeia, em Bruxelas, a partir de 1984. Conselheiro do presidente da Comissão Europeia para as questões institucionais. Ficcionista e ensaísta.
Manuel Paiva (Porto, 1943) naturalizou-se belga em 1972. Físico, exilou-se na Bélgica em 1964. Professor honorário da Universidade Livre de Bruxelas, onde leccionou e dirigiu o Laboratório de Física Biomédica. Autor de obras de divulgação científica.
José Morais (Lisboa, 1943). Neuropsicólogo, exilou-se na Bélgica em 1968. Professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas onde leccionou Psicologia Cognitiva e dirigiu o Laboratório de Psicologia Experimental. Ensaísta e romancista.
Jorge de Oliveira e Sousa (Lisboa, 1945). Politólogo, exilou-se em 1966. Assistente da Universidade Católica de Lovaina, funcionário da Organização das Nações Unidas, posteriormente director-geral da Comunicação na União Europeia e professor no Colégio da Europa (Bruges). Docente do Colégio Europeu.

Local: Casa da Escrita

13 de Março | 17H00
ARTE E INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL
Penousal Machado
Tipicamente associamos a Inteligência Artificial à capacidade de resolução de problemas, optimização, raciocínio lógico, sistemas de diagnóstico, etc. No entanto, as capacidades criativas, artísticas, estéticas e emocionais são parte fundamental daquilo que nos torna humanos e seres inteligentes. A Inteligência Artificial estará condenada ao fracasso se negligenciar estes aspectos da inteligência. Os sistemas inteligentes são uma realidade, no sentido que existem máquinas capazes de igualar ou superar os humanos em inúmeros problemas que requerem inteligência. O grande desafio é o desenvolvimento de sistemas criativos.

Penousal Machado é Professor Auxiliar do Departamento de Engenharia Informática da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Coimbra e investigador do grupo de Sistemas Cognitivos e Multimédia do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra. Durante os últimos anos tem conduzido investigação nos campos da Computação Inspirada na Natureza, Arte Evolucionária, Estética Computacional, e Inteligência Artificial. É autor de cerca de 70 artigos científicos nestas áreas, tendo editado o livro “The Art of Artificial Evolution” publicado pela Springer Verlag.  É organizador e membro do comité de programa de vários eventos científicos internacionais e membro do comité editorial do Journal of Mathematics and the Arts. Recebeu diversos prémios científicos, destacando-se o Prémio de Excelência e Mérito em Inteligência Artificial (PremeIA) atribuído pela Associação Portuguesa para a Inteligência Artificial. O seu trabalho teve destaque em várias revistas internacionais tais como a Wired estando também exposto no Museum of Modern Art (MoMA).

Local: Museu da Ciência

17 de Abril
| 17H00
NUNCA TIVE JEITO PARA A GEOMETRIA
F.J. Craveiro de Carvalho
Haiku contra a geometria romântica
Nunca tive jeito para a geometria
porque vejo sempre na pirâmide
o suor de quem a construía.
                         Fernando Grade

Local: Casa da Escrita

22 de Maio | 17H00
À PROCURA DE WITTGENSTEIN
Pedro Paixão
O longo e acidentado caminho de alguém que se procura constantemente segundo a injunção antiga: procura-te a ti próprio, o que certamente não significa uma busca egoísta, mas sim a exigência de uma investigação do humano no mundo, não quem sou eu, mas sim o que quer dizer eu no mundo. Uma quase constante angústia e tormento, para nos poder deixar uma obra única e estilhaçada. Não uma outra teoria, mas sim a denúncia de pseudo-teorias, visões do mundo construídas sobre convicções mais do que problemáticas, a obstruir uma adesão do humano ao coração do mundo, o mais elevado, o divino. Uma vida e uma obra projectadas num mesmo projecto: a mostração do divino, as coisas belas e a bondade, do qual não nos é permitido falar, por diferença do mundo, totalmente congruente e ao mesmo tempo por completo inconsistente, e o seu espelhar cintilante no humano.

Local: Museu da Ciência

19 de Junho
| 17H00
LITERATURA E ANTROPOLOGIA: RENOVAR A LIGAÇÃO
Gustavo Rubim
Em dois séculos, etnógrafos e antropólogos produziram uma espécie de «Weltliteratur» que descentrou à escala da humanidade os polos — os povos — que atraem a nossa curiosidade. Esse corpus interfere em todos os planos: já não há domínios da vida ou da imaginação em que sejamos só «ocidentais». Onde Foucault via um combate — a literatura, escrita onde o ser da linguagem apareceria, anunciava o fim próximo da antropologia — o que se desenha é afinal uma cumplicidade mediada pela «paixão crítica» da modernidade, como lhe chamou Octavio Paz. O «ethnos», invenção romântica, foi o primeiro nó onde literatura e antropologia mal se distinguem. Mas a ligação nunca cessou de se renovar, de maneira bem pouco disciplinada. A ligação, as ligações: não será isso o que, de maneira mais ou menos secreta, junta (em criptas textuais que nenhuma academia consegue vedar) a pesquisa extravagante cujos emblemas podem ser Ruth Benedict ou Maurice Blanchot, Clarice Lispector ou Evans-Pritchard, María Zambrano ou Leroi-Gourhan?

Gustavo Rubim ensina literatura na Universidade Nova de Lisboa, em cuja Faculdade de Ciências Sociais e Humanas se doutorou com uma tese sobre Camilo Pessanha e a poética do vestígio. É membro fundador do ELAB – Laboratório de Estudos Literários Avançados. O seu mais recente livro de ensaios intitula-se A Canção da Obra (Textiverso, 2008). Em 2011, publicou o estudo “Observadores Observados e a pesquisa avançada em literatura e antropologia” no vol. 15, nº 2, da revista Etnográfica (acessível on-line aqui).

Local: Casa da Escrita

17 de Julho
| 17H00
O CÃO SOB A PELE OU O CORPO PERDIDO DO CIENTISTA
Paulo Pereira e Herwig Turk

Referring to a story of Oliver Sacks where he describes the case of 22 years old Stephen D. who used a mix of cocaine, PCP, amphetamines.
after a vivid dream - he dreamt he was a dog in a world unimaginably rich and significant in smells - he woke up with an enhanced color vision and heightened sense of smell. In this state he could distinguish the olfactory physiognomy of all his friends and coleagues and even recognise every street and every shop by there smell.
Obviously the Weltanschauung (Worldview) of Stephen D. changed dramatically during this event and the framework for generating, sustaining, and applying knowledge was altered drastically.
We use this case study as a entry point to discuss the role of the scientists body in the everyday routines in life science. Our special interest is focused on the exclusion of any type of corporality* and non explicit knowledge in the scientific language and publications.

*corporality the quality or state of being or having a body or a material or physical existence

Paulo de Carvalho Pereira, graduated in Biochemistry in 1990 from the University of Coimbra and received his PhD in Cell Biology in 1996. Paulo Pereira worked at Division of Clinical Toxicology, University College of London, during his PhD training and as a Post-Doc. Paulo subsequently worked as an Assistant Professor/ Visiting Scientist at Human Nutrition Research Centre on Ageing at Tufts University, Boston. Paulo Pereira is currently Director of Centre of Ophthalmology - Faculty of Medicine University of Coimbra and head of the Laboratory for Research in Biology of Ageing atIBILI, Faculty of Medicine – University of Coimbra. Paulo is also the Director of the Laboratory for Electron Microscopy at Faculty of Medicine – University of Coimbra, which is part of the National Network of Electron Microscopy. His main scientific Interests are on mechanisms of age-related cell damage and cell response to stress. He is particularly interested in the molecular mechanisms of age and diabetes-related retinal damage and on the role of ubiquitin-dependent proteolysis in such processes.
Paulo Pereira also participates and coordinates Master and PhD programmes in the area of Vision Sciences and Biomedical Reserach and he currently supervises 7 PhD students. Paulo is also interested and actively participates in projects to increase public awareness of sciences, including Bio-aesthetics and Sci-art projects. Over the last five years Paulo was the Principal Investigator on 6 externally funded (FCT) Research Grants and was author of 14 papers published in international peer-reviewed journals. In 2006 Paulo Pereira was granted A Fulbright Scholars and Researchers Program Award.

Herwig Turk is an artist in the field of new technology from Austria, he is currently based in Lisbon, Portugal. In the last years, beside his own successful body of work, which has been presented at venues like Georg Kargl Fine Arts Vienna, Neues Museum Weserburg Bremen, TESLA Laboratory for Media Art Berlin, Museum of Applied Arts / Contemporary Art Vienna or the Transmediale Berlin, he has been foremost involved in interdisciplinary art projects like HILUS, or the vergessen© project.
Between 2003 and 2010 Herwig Turk was working on another major project on the verge of art and science, blindspot, together with the Portuguese Scientist Paulo Pereira (IBILI Coimbra). more information you can find on http://www.theblindspot.org
Since 2010 he is artist in residence at the IMM (Institute of Molecular Medicin) in Lisbon PT.
http://www.herwigturk.net
ht@herwigturk.net

Local: Museu da Ciência
 
25 de Setembro | 17H00
VILAS DO INTERIOR DE PORTUGAL: UM ESTUDO SOBRE DESERTIFICAÇÃO HUMANA E DO TERRITÓRIO
Cristina Rodrigues
Local: Casa da Escrita

23 de Outubro
| 17H00
A HIBRIDEZ DOS CAMPOS AGRÍCOLAS DO RIBATEJO COMO DESAFIO PARA UMA OUTRA EXPERIÊNCIA DA PAISAGEM
Emanuel Brás
Reservatório de mutações é o projecto de um ensaio fotográfico sobre o processo de transformação contemporânea dos campos agrícolas no Ribatejo. Trata-se de uma pesquisa ainda em curso, que procura explorar através da fotografia o modo como as novas modelações do espaço agrícola, assim como as mudanças que aí ocorrem ao longo do tempo –dos ciclos agrícolas, dos anos-, abrem a um outro tipo de envolvimento com a paisagem.
A comunicação propõe: i) apresentar o projecto reservatório de mutações; ii) explicar porque é que uma abordagem cultural à paisagem não será operativa para compreender o contexto e a singularidade das novas manifestações daqueles campos agrícolas; iii)  explorar a paisagem mediante a síntese entre uma abordagem comparativa e um envolvimento fenomenológico com o espaço.
Os campos agrícolas do Ribatejo têm estado sujeitos a um processo de transformação radical, causada acima de tudo pela implementação das tecnologias agrícolas contemporâneas de: plasticulture –uso de materiais plásticos na agricultura-; e, sistemas de irrigação por aspersão, fixos ou rotativos -center pivot. Estas novas tecnologias implementam no campo agrícola um grau de artifício incomparável com as práticas agrícolas anteriores. Os campos agrícolas aparecem como um híbrido.
Ora, estas novas características híbridas introduzem um corte com a possibilidade de reconhecimento da paisagem de acordo com as referências culturais estabelecidas: no campo não existem campinos, a presença do gado na lezíria é rara;  as cheias são já esporádicas –devido aos transvases no Tejo-; a vinha, uma das características paradigmáticas da região, tem sido arrancada, com um impacto acrescido entre 2008 e 2011, devido à implementação da Reforma da Organização Comum do Sector Vitivinícola.
Por outro lado, a mudança para a exploração de culturas de regadio, que vêm substituir a vinha, acarreta dois tipos de riscos ambientais: recurso excessivo da única água disponível, proveniente de lençóis freáticos;  contaminação química dos solos e desses mesmos recursos hídricos.
Face ao corte que as novas características híbridas dos campos introduzem do ponto de vista cultural, face aos riscos ambientais associados aquelas novas tecnologias, como explicar a atracção visual que as modelações causadas por aquelas tecnologias suscitam? De que modo é que essa atracção poderá suscitar uma outra poética da paisagem? Eis as problemáticas que a pesquisa fotográfica reservatório de mutações explora.

Emanuel Brás nasceu em 1967, em Coimbra. É fotógrafo. Começou a expor individualmente em 1997. Desde 1999, com a exposição individual Paisagens das lagoas de Vela e Braças: fotografia in situ, o seu trabalho tem vindo progressivamente a focar-se sobre as problemáticas da paisagem no espaço contemporâneo. Das exposições individuais que tem apresentado pode ainda destacar-se: reservatório de mutações, no Museu do Neo-Realismo 2012;  lugares de afecção, nos Encontros da Imagem de 2010: Transmutações da Paisagem (Braga) e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, 2009; Laboratório Chimico. memória do lugar, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, em 2006; apresentou uma intervenção na fachada do Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, inserida no Festival Luzboa, 2004; Ralo no Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa, e da experiência do lugar à paisagem- fotografia in situ, em Marvila, Lisboa, ambas em 2003.
O seu trabalho está representado em várias colecções nacionais: BESart, Colecção Nacional de Fotografia/ Centro Português de fotografia, Fundação PLMJ; Encontros da Imagem, Círculo de Artes Plásticas de Coimbra.
Lecciona na Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha. Está a desenvolver um projecto de doutoramento no Research Centre for Land/Water and the Visual Arts, Universidade de Plymouth, Reino Unido. Mestrado em Imagem e Comunicação, no Goldsmiths College, Londres, em 2000. Licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, em 1997.

Local: Museu da Ciência

20 de Novembro
| 17H00
ARMADILHAS, RELOADED
Luís Quintais
Que relação – analógica, metafórica – é esta entre uma obra de arte e uma armadilha? A pergunta envia-nos imediatamente para o trabalho do antropólogo Alfred Gell (1945-1997). O percurso deste antropólogo poderá ser caracterizado por dois elementos que se explicitam de forma particularmente lúcida e feliz no livro póstumo de ensaios que é The art of anthropology_essays and diagrams (1999). Este volume reúne uma parte muito significativa da produção dispersa de Gell, e define de forma muito clara o seu entendimento do que pode ser a antropologia e do que pode ser, em particular, a antropologia da arte.

Local: Casa da Escrita

11 de Dezembro | 17H00
título a anunciar
Margarida Medeiros
Local: Museu da Ciência

PARCERIA

Centro de Investigação em Antropologia e Saúde (CIAS)
Casa da Escrita