Programa Geral
18 de Janeiro | 17H00
Colecções etnográficas de Timor na Universidade de Coimbra
Ana Rita Amaral e Maria do Rosário Martins, Museu da Ciência da
Universidade de Coimbra
Integram actualmente o acervo de Antropologia do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra 150 objectos provenientes de Timor. As colecções são constituídas, entre outras categorias, por têxteis, cestaria, utensílios domésticos e agrícolas, armas e apetrechos e instrumentos musicais.
A grande maioria das colecções timorenses entrou na Universidade, mais concretamente no Museu de História Natural, nos finais do século XIX, período histórico muito importante na constituição de acervos etnográficos em Portugal, particularmente em Coimbra. É nesse mesmo período que se assiste à formação da primeira cadeira universitária de Antropologia em Portugal, em 1885, bem como à especialização das disciplinas da história natural, o que viria a concretizar-se na separação das quatro secções – Botânica, Zoologia, Mineralogia e Paleontologia, Antropologia e Arqueologia Pré-histórica – cada uma com o seu professor/director responsável.
Não obstante esta caracterização geral, um conjunto pequeno de objectos, provavelmente de Timor, aparece registado em inventários anteriores a este período. O objectivo deste estudo consiste em divulgar as principais colecções etnográficas provenientes de Timor existentes na Universidade de Coimbra, contextualizando-as histórica e institucionalmente, aludindo às diversas formas de recolha e classificação daqueles objectos ao longo do tempo.
8 de Fevereiro | 17H00
O Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra: arqueologia de um espaço científico (1772-1799)
Fernando Figueiredo, Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra
A criação do Observatório Astronómico, fundamental para a institucionalização da ciência astronómica em Portugal, decorreu durante um período (segunda metade do século XVIII) em que a Astronomia, sustentada pelos grandes avanços teóricos da mecânica celeste e da matemática aplicada, tentou resolver as grandes questões que desde Newton vinha enfrentando.
As questões ligadas aos problemas de navegação, geodesia e cartografia, determinação de órbitas de planetas e cometas e medições astrométricas estão também na base da criação e planificação do Observatório de Coimbra – o primeiro Observatório Astronómico do país ligado à Universidade mas com profundas características de um Observatório Nacional.
A ideia de criar um Observatório Astronómico surge desde logo nos Estatutos Pombalinos a propósito da cadeira de Astronomia. A sua criação tinha dois objectivos distintos: um a leccionação e a prática da astronomia universitária e o outro, o desenvolvimento da própria ciência astronómica.
A construção do referido Observatório esteve planeada inicialmente para o sítio do Castelo da cidade. Contudo, tal obra, apesar de iniciada, não se viria a concretizar devido ao seu elevado custo. Para suprir as necessidades lectivas foi, entretanto, edificado, por volta de 1775, um pequeno Observatório Interino (provisório) no terreiro do Paço das Escolas – Observatório esse que viria a funcionar provisoriamente durante cerca de 15 anos!
Em finais da década de 80 a inexistência de facto de um verdadeiro Observatório Astronómico na Universidade torna-se um problema premente. É através da estreita colaboração entre Monteiro da Rocha e o arquitecto Manuel Alves Macomboa, com o impulso político do 2º governo mariano, que surgirá o projecto definitivo para este estabelecimento, que aprovado pela Universidade em 5 de Fevereiro de 1791 se vê concluído em 1799.
Após a inauguração a sua actividade científica, da inteira responsabilidade de Monteiro da Rocha, centra-se no cálculo, na elaboração e na publicação das emblemáticas ´Ephemerides Astronomicas’.
Nesta comunicação pretendemos relatar a história da criação do Observatório Astronómico, história essa fortemente condicionada pelo acervo instrumental que ao longo do tempo foi sendo adquirido.
14 de Março | 17H00
Os azulejos Matemáticos dos Jesuítas de Coimbra
António Leal Duarte, Departamento de Matemática da FCTUC
Em Novembro de 2010, numa escavação arqueológica junto ao Laboratorio Chimico, foi descoberto um fragmento de um azulejo no qual se vê parte da esquadria e se lê simplesmente 16. Em Janeiro de 2011, numa escavação dentro do Colégio de Jesus outro pedaço foi encontrado, no qual se podem identificar alguns traços e uma letra P. Quem conhece a colecção de azulejos didácticos do Museu Nacional Machado de Castro reconhece de imediato que se tratam de fragmentos de azulejos dessa colecção. Já se sabia que as gravuras matemáticas representadas nos azulejos de matemática eram ilustrações de "Os Elementos" de Euclides, na versão do matemático jesuíta belga, André Tacquet, (1612-1660), e que tais azulejos terão servido para ensinar matemática aos alunos jesuítas. A descoberta arqueológica vem revelar que esses azulejos terão ensinado em Coimbra.
Nesta comunicação vamos conhecer esta colecção, a sua história, as suas motivações bem como as razões didácticas para a sua criação.
11 de Abril | 17H00
A coleção etnográfica de Alexandre Rodrigues Ferreira na Universidade de Coimbra
Maria do Rosário Martins e Maria Arminda Miranda, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
A 31 de Agosto de 1783 iniciar-se-ia aquela que foi uma das mais importantes expedições de carácter multidisciplinar, antecipada e inequivocamente planeada para a colónia brasileira, empreendida sob a tutela do poder político português e inscrita nos cânones científicos da Universidade de Coimbra, recentemente reformulada de acordo com os modernos desígnios das práticas do Iluminismo.
A Viagem Philosophica levaria Alexandre Rodrigues Ferreira e os seus colaboradores, José Joaquim Freire, Joaquim José Codina (“riscadores”) e Agostinho Joaquim do Cabo (jardineiro botânico) a trilharem, durante quase dez anos, as Capitanias do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuyabá, num extraordinário périplo de 39 000 quilómetros.
É tomado por suporte primordial da apresentação um dos mais importantes núcleos do património científico consequente da Viagem Philosophica, transferido do Real Museu da Ajuda para o Museu de História Natural da Universidade de Coimbra em 1806, sob a orientação de A. R. Ferreira, Naturalista e líder desta expedição científica.
Com recurso a fontes primárias, bibliografia especializada e a material de arquivo contemporâneo produzir-se-á um documento ancorado nas seguintes premissas:
- destaque do vínculo científico entre a U. C e a V. Philosophica;
- compreensão do itinerário museográfico da coleção, especialmente da etnográfica, em articulação com as sucessivas etapas institucionais;
- análise dos significativos núcleos que integram a coleção;
- análise da recente dinâmica museológica;
- perspectivas para o futuro.
18 de Abril
O Castelo de Coimbra que a Universidade sacrificou*
Berta Duarte, Divisão de Museologia da Câmara Municipal de Coimbra
No Dia Internacional dos Monumentos e Sítios evoca-se a memória do Castelo de Coimbra, incorporado no domínio da Universidade pela provisão do Marquês de Pombal, de 16 de Outubro de 1772, e demolido para permitir a construção de um Observatório Astronómico.
*Esta sessão faz parte da programação do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios.
16 de Maio | 17H00
O Gabinete de Física: o magnete chinês e o centauro de Vandelli
Ermelinda Antunes, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
O autómato representando um centauro é uma das mais belas obras que o Gabinete de Física do Museu de Ciência da Universidade de Coimbra possui sendo, seguramente, a mais antiga. Contrariamente à maioria das peças do Gabinete de Física de dalla Bella, esta não veio do Colégio de Nobres da Corte e Cidade de Lisboa; ela foi incluída neste Gabinete após a sua transferência para a Universidade de Coimbra. Referiremos a sua origem e o seu construtor, incorrectamente atribuída a G. Adams. O magnete chinês inicial pertença do Gabinete de Física do rei D. João V e por seu filho D. José I oferecido para o Gabinete de Física do Colégio de Nobres é, por sua vez, a mais famosa de todas. Trata-se de uma pedra magnética de dimensões e força invulgares, armada e montada numa armação especial, por sua vez colocada sobre uma mesa. Abordaremos, além da sua origem e o seu uso, um pouco da interessante história de William Dugood, que armou este magnete.
30 de Maio | 17H00
Manuscritos e impressos musicais dos séculos XVI e XVII na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
José Abreu e Paulo Estudante, Instituto de Estudos Artísticos/Estudos Musicais da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
Do extraordinário fundo musical preservado na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra destaca-se a sua notável colecção de manuscritos e impressos musicais dos séculos XVI e XVII, que congrega livros de teoria musical, livros de liturgia, ritual e cantochão e livros de polifonia.
Nesta sessão de Objectos com História iremos dar particular destaque a alguns dos códices mais singulares desta colecção com repertório polifónico. Estes incluem um extenso repertório, grande parte dele único, reflectindo não apenas a produção portuguesa, mas também a de um vasto repertório internacional, contemplando compositores espanhóis, franco-flamengos, italianos e outros associados a diversos centros musicais europeus dos século XVI. É também nestes manuscritos que se encontram algumas das obras polifónicas mais antigas de autores portugueses - Pedro Escobar, Vasco Pires e Fernão Gomes Correira - que sobreviveram completas, bem como, o repertório escrito por compositores ligados ao Mosteiro de Santa Cruz, nomeadamente o de Pedro de Cristo (†1618). Igualmente extraordinário é o conjunto de códices da segunda metade do século XVII que incluiu um repertório de grande variedade de combinações e géneros entre os quais os raros vilancicos negros.
Finalmente destacaremos alguns livros da excepcional colecção de música impressa, oriundos das principais oficinas de edição musical deste período, sobretudo, as localizadas em Veneza, Roma, Antuérpia mas também das oficinas ibéricas de Madrid, Sevilha, Lisboa e Coimbra.
A sessão será ilustrada com projecção de algumas das fontes impressas e manuscritas e com a audição de algumas das peças disponíveis em gravações.
6 de Junho | 17H00
Os instrumento de Edward M. Clarke na Universidade de Coimbra
Gilberto Pereira, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
Apesar de pouco conhecido, Edward Marmaduke Clarke (1791 ? – 1859) foi um empreendedor construtor e negociante de instrumentos científicos e um entusiasta divulgador de ciência.
O seu nome é associado, principalmente, a uma máquina magneto-eléctrica, da sua autoria, a qual existe no Gabinete de Física.
O Museu da Ciência da Universidade de Coimbra possui aquela que será, provavelmente, a maior colecção de instrumentos científicos saídos da oficina deste construtor, contemplando áreas tão diversas como a Física, a Botânica ou a Medicina.
20 de Junho | 17H00
Os primeiros sismógrafos em Coimbra (e em Portugal)
Susana Custódio, Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra
A Universidade de Coimbra foi pioneira no estudo dos sismos em Portugal. O primeiro sismógrafo, modelo Angot, foi adquirido em 1891. Sabe-se que funcionou pelos registos da compra de papel fotosensível e pelo pagamento das limpezas do relógio do sismógrafo. Quer o sismógrafo quer os seus sismogramas encontram-se actualmente desaparecidos. O segundo sismógrafo em Coimbra foi um sismógrafo de Milne, dos primeiros utilizados em sismologia a nível internacional. No início do século XX, Coimbra adquiriu também dois sismógrafos Wiechert, um deles com uma massa inercial de 1000 kg. Nesta apresentação vamos contar a história dos primeiros sismógrafos em Coimbra, que são também os primeiros sismógrafos em Portugal.
27 de Junho | 17H00
Colecções de fotografias diapositivas de Angola: [outros] comentários e notas explicativa
António Gouveia, Centro de Ecologia Funcional, Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra
“Interessemos as classes cultas, no problema vital da nação". Assim expôs Luís Carrisso o objectivo da Missão Académica de 1929 a Angola, onde levou membros da elite académica nacional, na esperança de os motivar para a importância do conhecimento das ex-colónias. Regressado deste empreendimento, e enquanto preparava já nova incursão a Angola, Carrisso decidiu sensibilizar as gerações mais novas: “Colecções de plantas secas, exemplares de rochas, e quase todo o restante material de museu, pouca influência tem no espírito da criança e do adolescente: é a literatura colonial, e mais ainda, a imagem fixa e animada, o melhor instrumento de que dispomos para lançar na mente dos estudantes portugueses a noção da grandeza do nosso império. […] Dispondo de algumas centenas de fotografias feitas em Angola, […] lembrámo-nos de organizar colecções de diapositivos, que viessem até certo ponto suprir a falta de material de ensino.” Assim, preparou e distribuiu pelos liceus nacionais uma série de 20 diapositivos de vidro, acompanhados por notas explicativas impressas, “práticos para os professores ministrarem aos seus alunos conhecimentos acerca das nossas colónias”. A saber: a geografia, a vegetação, as infra-estruturas, o deserto, as miragens. Revisitaremos este percurso visual por Angola, proposto por Carrisso em 1932, partindo do vidro frágil mas tentando não o partir.
11 de Julho | 17H00
A colecção de instrumentos farmacêuticos e de história natural das drogas da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
João Rui Pita, Lígia Salgueiro e Célia Cabral, Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra
Esta comunicação tem por objetivo dar a conhecer o espólio museológico existente na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra focando com especial destaque as peças do âmbito da farmácia galénica e tecnologia farmacêutica, bem como da história natural das drogas e farmacognosia. Estas duas áreas reúnem a maioria dos milhares de peças existentes. Além deste material encontra-se também reunido um espólio interessante de peças relacionadas com o laboratório químico, microbiológico e outros.
Parte significativa do equipamento, utensílios e aparelhos foram previstos para a produção e ensaios de medicamentos. Contudo deve assinalar-se, também, o espólio no domínio da história natural das drogas constituído em grande parte por um conjunto amostras de plantas medicinais conservadas ou em modelos de significativo interesse museológico.
Os objetos mais antigos, principalmente provenientes da Escola de Farmácia da Universidade de Coimbra, datam de finais do século XIX e início do século XX.
O acervo existente permite traçar a história da Escola / Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, em particular a dos laboratórios de Tecnologia Farmacêutica e de Farmacognosia e permite, igualmente, contribuir de modo relevante para a história da farmácia portuguesa.
Dada a natureza científica e formadora da Faculdade de Farmácia, este espólio tem, por conseguinte, um papel importante na consolidação da identidade profissional dos farmacêuticos e das ciências farmacêuticas.
Breve nota curricular dos autores:
João Rui Pita, Professor Associado com Agregação da Faculdade de Farmácia e Investigador do CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia) da Universidade de Coimbra. Os seus interesses científicos principais são a história da farmácia, dos medicamentos e das ciências da saúde, as relações farmácia-sociedade e a ética farmacêutica. Tem vários livros e artigos publicados sobre as materias da sua especialidade. E-mail:jrpita@ci.uc.pt
Lígia Salgueiro, Professora Catedrática da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra e Investigadora do Centro de Estudos Farmacêuticos. Os seus interesses de investigação centram-se nas plantas aromáticas e medicinais com especial destaque para as áreas da biologia e fitoquímica. Tem livros e artigos publicados sobre as matérias da sua especialidade. E-mail:ligia@ff.uc.pt
Célia Cabral, Doutorada em Biologia na especialidade de Sistemática e Morfologia pela Universidade de Coimbra. Bolseira de Pós-Doutoramento da FCT com o projeto de investigação “History of Pharmacognosy in Portugal”. Investigadora do Centro de Estudos Farmacêuticos e Investigadora colaboradora do CEIS20 (Grupo de História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia) da Universidade de Coimbra. Os seus interesses de investigação são a história da ciência, farmacognosia, fitoquímica e taxonomia vegetal. Tem artigos publicados sobre as matérias da sua especialidade. E-mail:cmdscabral@gmail.com
19 de Setembro | 17H00
Os objectos da “Remessa de 1806” - Materiais botânicos, zoológicos e mineralógicos das Viagens Philosoficas
Inês Silva, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
Após a Reforma Universitária e a implementação na Faculdade de Filosofia das matérias de História Natural, Química e Física, em 1772, a Congregação de 2 de Junho de 1779 determinou que Professores e estudantes realizassem viagens para observação, recolha e estudo de produtos naturais. Esta Congregação nomeou ainda os Professores Vandelli e Dalla Bella como responsáveis pelas viagens cujos custos seriam suportados pela Faculdade. A necessidade eminente na época de estabelecer um acordo fronteiriço entre as potências coloniais peninsulares, transforma os projectos de viagem em expedições científico-militares pela mão do Ministro Martinho de Melo e Castro, facto confirmado pela inúmera troca de correspondência entre este e o Professor Vandelli, sobre os preparativos das viagens para a América, África e Ásia.
O Real Museu de História Natural da Ajuda foi o primeiro destino dos produtos provenientes das diversas colónias portuguesas. No ano de 1806 foi efectuada uma remessa do material proveniente das expedições coloniais deste Museu para a Universidade de Coimbra e que consta do documento Relação Dos Productos Naturaes e industriaes que deste Real Museu se remetterão para a Universidade de Coimbra em 1806, do arquivo do Museu Bocage (MNHN). Esta remessa inclui material Antropológico, Mineralógico, Botânico e Zoológico do qual foram estudados em detalhe os objectos etnográficos publicados em “Memória da Amazónia” (Areia et al., 1991) e “Viagem ao Brasil de Alexandre Rodrigues Ferreira” (Ferrão & Soares, 2005). A conferência a realizar incidirá essencialmente sobre o trabalho realizado sobre o documento e os resultados do cruzamento da informação documental com os espécimes existentes nas colecções de Botânica e Zoologia e Mineralogia.
24 de Outubro | 17H00
560 Milhões de anos em revista: as colecções paleontológicas portuguesas da Universidade de Coimbra
Ricardo Paredes (orador), IMAR-CMA – Instituto do Mar e Ambiente, Universidade de Coimbra
Pedro Callapez, DCTUC - Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, CGUC - Centro de Geofísica da Universidade de Coimbra
A Vida no planeta, na sua extraordinária aventura evolutiva, têm vindo a ser protagonizada por uma multiplicidade de organismos com complexidade tendencialmente crescente. O conhecimento da história da Biosfera deve-se ao facto de muitas das suas etapas passadas terem ficado, ainda que em parte, preservadas no registo fóssil. Passados 560 milhões de anos é possível trilhar as pistas deixadas nas rochas, sendo isso que procura decifrar a Paleontologia há mais de dois séculos como ciência. Em Portugal, tais registos preservados de antigos organismos permitem percorrer - por vezes com grande detalhe - as principais etapas evolutivas das três Eras do Fanerózoico.
As colecções de paleontologia portuguesa, coligidas durante mais de dois séculos por professores e investigadores da Universidade de Coimbra e contando com contributos dos Serviços Geológicos de Portugal e de muitas outras instituições e particulares, constituem um importante legado museológico com relevância internacional. Com base na paleodiversidade conservada nos acervos do Museu da Ciência, relevam-se 54 jazidas paleontológicas com grande valor científico-cultural e significado histórico. Daremos a conhecer tal património com base nos objectos que lhe conferem essa importância - os fósseis.
7 de Novembro | 17H00
Modelos científico-pedagógicos do séc. XIX: natureza ou arte?
Raquel Amaral, Departamento de Ciências da Vida da FCTUC
A Universidade de Coimbra tem, no seu acervo museológico, um número significativo de modelos. Outrora cumpriram o seu papel pedagógico no seio científico da Universidade, são objectos pensados para comunicar aspectos tão diversos como a anatomia da flor da papoila, sintomas de doenças cutâneas, moléculas, a cristalografia de uma espécie mineral, bustos humanos, formas geométricas matemáticas, o percurso óptico de um microscópio. O estudo dos modelos botânicos demonstrou que estes objectos, plenos de história e cultura científica, revelam também uma vertente artística associada ao seu fabrico. Foram adquiridos por Júlio Henriques, ao longo de 17 anos (1876-1893), que os seleccionou criteriosamente, de modo a obter um conjunto que abrangesse os temas que ensinava nas aulas de Botânica e também para enriquecer o museu. Manufacturados, têm a forma estudada do tema representado mas com o cunho singular do fabricante. Destacam-se os modelos de flores e frutos, moldados em papier-mâché e decorados, que são ampliações a uma escala surpreendente, cujas peças se podem abrir sucessivamente, revelando em detalhe a beleza das estruturas interiores.
21 de Novembro | 17H00
As coleções da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Alfredo Rasteiro, Professor Aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
Para o Ensino prático da Fisiologia, António Augusto da Costa Simões (1819-1903) adquiriu aparelhos que figurou em gravuras abertas em madeira no Programa da cadeira de Histologia e Fisiologia Geral (1873). Filomeno da Câmara de Melo Cabral (1842-1921), que lhe sucedeu, utilizou 26 destas gravuras e acrescentou-lhes 31 fotozincografias (Lições de Fisiologia Geral, 1897) que facilitam a identificação de instrumentos científicos diversos, alterados pelo tempo e pela falta de uso, suscetíveis de reconstrução. Muitas destas peças foram adquiridas por indicação de Marey, Chaveau, Claude Bernard, Pfluger, Helmholtz e Du Bois-Reymond.
O Instituto de Histologia preserva os 12 microscópios referidos no Programa da cadeira de Histologia e Fisiologia Geral. As Coleções de Matéria Médica possuem um Herbário de Plantas Medicinais, colhidas em 1882, disponibilizado pelo Doutor Júlio Augusto Henriques (1838-1928), Professor de Botânica Médica.
Esta comunicação dará a conhecer as diversas coleções que compõem o espólio museológico da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra.
A sessão será seguida de uma visita guiada à exposição Medicina em Coimbra
12 de Dezembro | 17H00
O contributo de Manuel Paulino de Oliveira para o enriquecimento das colecções zoológicas da Universidade de Coimbra
Ana Cristina Rufino, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra
No ano em que se comemora 175 anos do nascimento do Dr. Manuel Paulino de Oliveira, o Museu da Ciência da Universidade de Coimbra presta uma pequena homenagem a este ilustre desconhecido, Professor da Faculdade de Philosophia. Pretende-se dar a conhecer um pouco do trabalho deste senhor, como Naturalista e como director da secção de Zoologia do Museu de História Natural. A palestra é ainda complementada por uma visita à Galeria da Zoologia conhecendo, no local, algum do espólio oferecido ao Museu, por este Professor.