Museu da Ci�ncia - Universidade de Coimbra

Seminário do Programa Doutoral em História das Ciências e Educação Científica

História da farmácia através da publicidade a medicamentos (séc. XIX-XX)
por  João Rui Pita, Faculdade de Farmácia, Universidade de Coimbra

É no século XIX que se inicia em grande escala a industrialização do medicamento. Em Portugal, a primeira indústria farmacêutica de grandes dimensões surge em 1891 — a Companhia Portuguesa de Higiene. Na primeira metade do século XX a gradual industrialização dos medicamentos alterou de forma profunda o mundo da farmácia e do medicamento não só na vertente profissional como no domínio científico. A industrialização do medicamento alterou as  relações tradicionais existentes entre o farmacêutico, o médico e o consumidor com o medicamento. Um dos aspectos que mais sobressai da industrialização do medicamento é o da publicidade.
Nesta comunicação traça-se uma história da farmácia e do medicamento, uma história da ciência e da aplicação prática das descobertas científicas, tendo como objecto e como eixo continuador e ilustrativo a publicidade à farmácia e aos medicamentos sublinhando com particular ênfase a história da farmácia, do medicamento e das ciências da saúde em Portugal no contexto internacional.

Invenção, inovação e usos. Elementos para uma discussão sobre história, ciência, técnica e sociedade
por Manuel Ferreira Rodrigues, Departamento de Educação, Universidade de Aveiro

Num importante artigo de 1998, David Edgerton alerta-nos para um conjunto de erros que alguma historiografia tem cometido. Prisioneira diversamente do nacionalismo, de uma ideologia de cariz schumpeteriano e da pressão da nova ortodoxia política e económica, essa historiografia tem-se focado quase apenas nas invenções e nas inovações, especialmente nas que conduziram a grandes mudanças, geralmente derivadas da ciência, esquecendo-se que é o uso, não a invenção ou a inovação, que fala de uma técnica, e que aquelas raramente desembocam em técnicas de uso generalizado. Desse modo, é igualmente descurado o papel das técnicas alternativas nos processos de difusão, como são sobrevalorizados os períodos de mudança tecnológica, em detrimento dos que parecem estáticos e tradicionais. No fim de contas, confundem-se duas disciplinas muito diferentes – a história das inovações técnicas com a história das técnicas –, e, mais grave ainda, separa-se a história das técnicas da história geral. A excessiva preocupação com a inovação é, pois, responsável pelo escasso número de estudos sobre os usos, sobre desaparecimento de técnicas ou de sistemas técnicos. Ainda que, de algum modo, oponha os usos à invenção e à inovação, o texto de Edgerton continua a ser uma referência obrigatória para a discussão sobre as relações entre ciência, técnica e sociedade, num tempo em que outras problemáticas ganham relevo – inventores, inovadores,  consumidores, territórios, mecanismos sociais e políticos – levando-nos a repensar os conceitos de inovação e alargando os caminhos da interdisciplinaridade, do encontro entre saberes.

Esta sessão, que se realiza no âmbito do Programa Doutoral em História das Ciências e Educação Científica, consiste num seminário da disciplina de Temas de História das Ciências e Tecnologia, aberto à comunidade universitária.

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Horário: 15H00