Museu da Ci�ncia - Universidade de Coimbra

Seminário do Programa Doutoral em História das Ciências e Educação Científica

Médicos, mercadores e judeus: os caminhos entrecruzados de Garcia de Orta e de Amato Lusitano
por António Manuel Lopes Andrade, Centro de Línguas, Literaturas e Culturas, Universidade de Aveiro

Garcia de Orta e Amato Lusitano abandonam definitivamente Portugal em 1534: um rumou ao Oriente, o outro deu início a um longo périplo pelo Ocidente, através de cidades como Antuérpia, Ferrara, Ancona, Florença, Roma, Dubrovnik ou Salonica. Ambos formados no Estudo de Salamanca, partilham, em locais e circunstâncias muito diferentes, a paixão pela matéria médica, comprovada pela excelência e inovação das obras que dedicaram à descrição das antigas e novas matérias medicinais. Garcia de Orta, junto da origem dos simples e das drogas orientais, Amato Lusitano, junto do seu destino – um mercado europeu ávido de novidades – um e outro procuram descrever, na medida das suas possibilidades, as propriedades e as virtudes dessas matérias, embora o médico albicastrense o faça directamente no quadro do comentário ao tratado De materia medica de Dioscórides.
Garcia de Orta e Amato Lusitano não mais tornaram a Portugal, tendo findado os seus dias em 1568, um desterrado a Oriente, em Goa, o outro a Ocidente, em Salonica, no Império Otomano. De um extremo ao outro do mundo conhecido, malgrado a enormidade da distância e os inúmeros perigos da viagem, circulavam homens, livros, matérias e saberes naquela que foi, talvez, a mais notável empresa potenciada pela expansão portuguesa. Procurar-se-á acompanhar e comparar o percurso singular destes dois humanistas, que abandonaram Portugal em razão da sua condição de cristãos-novos, rumo a partes do mundo muito distantes, mas cada vez mais próximas graças à circulação global de pessoas, mercadorias e conhecimentos.

De Vénus a Coimbra - os primeiros anos do cinema astronómico
por Vitor Bonifácio, Departamento de Física, Universidade de Aveiro

Jules Janssen desenvolveu o seu “revólver fotográfico” com o objectivo de registar o trânsito de Vénus de 1874. Este primeiro aparelho, capaz de obter, automaticamente, uma série de fotografias separadas por um intervalo de tempo predefinido, inspirou o aparecimento de outros instrumentos crono-fotográficos. Após a invenção da câmara de filmar exploraram-se as suas mais diversas potencialidades tendo-se registado, em 1898, o primeiro filme astronómico. Nos anos seguintes encontram-se câmaras de filmar em diversas expedições destinadas à observação de eclipses solares. A utilização de uma quantidade apreciável de câmaras num único evento ocorreu, no entanto, apenas em 1912, por ocasião do eclipse solar de 17 de Abril. Analisando o filme obtido em Ovar, Francisco Costa Lobo, professor da Universidade de Coimbra, propôs, nesse ano, a primeira hipótese astronómica baseada exclusivamente nos dados de uma película cinematográfica.

Nesta comunicação daremos conta das tentativas, desenvolvimentos e resultados obtidos nos primeiros anos do cinema astronómico. Aproveitamos, ainda, para reflectir sobre as limitações da câmara de filmar enquanto instrumento astronómico.

Esta sessão, que se realiza no âmbito do Programa Doutoral em História das Ciências e Educação Científica, consiste num seminário da disciplina de Discursos e Práticas Científicas, aberto à comunidade universitária.

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Horário: 16H00
Entrada livre

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27 de Junho, 2014